Finanças

Quanto ganhei em um ano de investimentos?

janeiro 7, 2020

Desculpe-me pelo título sensacionalista, mas nesse artigo quero falar com você sobre dinheiro, investimentos e “coisas” que valem muito mais que dinheiro.

Comecei a investir dinheiro em dezembro de 2018, depois de uma tentativa de financiamento de um imóvel frustada. Leia essa história no artigo: meus primeiros 100 dias como investidora.

Recentemente completei um ano como investidora e quero compartilhar essa experiência. Vamos analisar o que foi bom e o que foi ruim, quanto ganhei, quanto perdi, e o que eu pude aprender no decorrer desse tempo.

Quanto Ganhei e tudo que aprendi em um ano de investimentos

Se você está chegando agora, deixe-me me apresentar! Meu nome é Mira, eu tenho 31 anos, sou mãe da Luana, esposa do Matheus. Além disso, sou empreendedora, investidora, e estudante! Como tenho muitos atributos e tarefas, eu dedico parte do meu tempo a aprender sobre produtividade e organização pessoal. Por isso, a existência do Foco na Produtividade.


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Vou recapitular aqui como distribuí o patrimônio, mas eu recomendo fortemente que você leia na integra o post dos primeiros 100 dias.

Perfil de Investimento e Onde invisto:

Meu perfil de investidora é entre conservadora e moderada, invisto em renda fixa, mas também tenho uma parcela em renda variável. Essa parcela começou em 17%, mas hoje já corresponde a quase 25% do patrimônio total investido.

Distribuição de Patrimônio em Março:

Distribuição de Patrimônio Hoje:

Durante esse ano, fiz aportes praticamente mensais e algumas retiradas, dessa forma, cheguei ao final do ano com essa distribuição de patrimônio:

Como vocês podem reparar, acabei aceitando correr um pouco mais de risco investindo em ações e reduzi a porcentagem do patrimônio em Tesouro Direito. Ainda assim, sou bem conservadora. Apesar do rendimento do Tesouro estar bem abaixo daquele que os investidores estavam (mal)acostumados, grande parte do patrimônio ainda está alocado no Tesouro Direto.

Eu tento manter a proporção 75% Renda Fixa, 25% Renda Variável e vou fazendo os novos aportes naquele que está perdendo. Se tem mais de 75% na fixa, no mês seguinte, o aporte vai para a variável, e vice-versa.

Crescimento da Bolsa de Valores em 2019:

A migração de uma parte maior de investimentos para a renda variável deve-se em grande parte ao bom momento que a bolsa de valores atravessa. O índice BOVESPA cresceu 90K a 118K. Um crescimento de aproximadamente 31%. Isso é o que acontece quando todos querem aproveitar o bom momento da bolsa e fugir do momento ruim do tesouro. Eu me incluo nesse bolo.

Gráfico do crescimento do índice Bovespa no ano de 2019 - indo de 90k para 118k - o maior valor da história.
Gráfico do crescimento do índice Bovespa no ano de 2019 – indo de 90k para 118k – o maior valor da história.

As imagens foram capturadas diretamente da plataforma Rico e da seção de economia do Portal UOL.

Sucessivas Quedas da Taxa de Juros – SELIC:

O momento ruim do tesouro está diretamente ligado às sucessivas quedas da Taxa Selic.

​A Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Ela influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras. 

Banco Central

Na Prática, a taxa SELIC baixa desestimula as pessoas a emprestarem dinheiro para o Governo (ou seja, investirem no Tesouro) e as estimula a tomarem dinheiro emprestado dos bancos. Os bancos emprestam dinheiro (financiamentos, p. ex.) a taxas de Selic do momento do contrato + Spread .

Isso significa que um financiamento que era feito a 10%-12% no ano passado no banco X, pode ser feito a menos que 8% no mesmo banco hoje, porque o banco consegue pegar o dinheiro com o BC a 4,5% e não mais a 6,5% como era no passado, mantendo o seu lucro (Spread).

Em geral, a queda da selic é vista com bons olhos porque estimula a economia, forçando o dinheiro a se movimentar, incentivando empresários a fazerem investimentos em infraestrutura para aumento de produtividade, contratar funcionários, etc. Isso gera empregos, aumenta a confiança e o consumo, etc. Por outro lado, o efeito Rebot é o aumento da inflação. Por isso, essas taxas são controladas pelo Banco Central.

Com a Selic na mínima histórica, pode ser uma boa hora para se pegar dinheiro emprestado, fazer um financiamento, etc. Porém, impera a Lei de Mercado: Com o aumento da procura, aumenta-se o valor. Ou seja, inflação.

ATENÇÃO: Por falar em inflação, cuidado com a nova modalidade de financiamento atrelado à inflação. Não vai colocar uma corda no seu pescoço e esperar ela te sufocar de pouquinho em pouquinho. Duvido que o seu rendimento vai subir junto com a inflação se você for assalariado.

Gráfico da Taxa Selic dos últimos 10 anos. Fonte: Banco Central

O que aprendi investindo por um ano na Bolsa e no Tesouro?

O principal ponto que pude aprender foi que investimentos, principalmente os de maior risco, exigem um grau elevado de maturidade, paciência, observação e estudo. Acredito que todos deveriam investir (ao menos poupar), mas reconheço que os por-menores são muitos e exige-se demais do investidor. Um bom investidor tem que estar bem informado, ter visão de longo prazo e saber esperar. Um teste para a minha ansiedade, é verdade! No entanto, entrar de cabeça nesse mundo de investimentos me fez reconhecer o valor do conhecimento. Até comecei uma nova faculdade – de gestão empresarial.

No mundo dos investimentos Você faz dinheiro tendo dinheiro, mas se faz muito mais dinheiro sabendo fazer dinheiro com o dinheiro que se tem.

saber fazer dinheiro - investimentos

“Os princípios básicos dos investimentos são diversificação, rendimento, e tempo”. Ou seja, para ter um bom rendimento, preciso gerenciar os riscos e ter o tempo a meu favor. Quanto mais tempo puder deixar o dinheiro investido, melhor. Mas precisa saber onde deixar o dinheiro e isso exige uma boa análise e estudo.

Qualidade de Vida e Segurança x Ganância

Investir dinheiro, como tudo na vida, deve ter um propósito. Você pode poupar para a aposentaria e querer proteger o seu dinheiro da inflação. Ou você pode querer realizar um sonho em médio prazo e usar os juros compostos para agilizar o processo. Há ainda quem queira ganhar dinheiro fácil e rápido.

Eu realmente acredito que tem muita gente ganhando um bom dinheiro de forma “fácil” na bolsa de valores, mas são grande investidores, traders, economistas, gente que conhece o mercado como a palma de sua mão. Não é o meu caso e acredito que muito provavelmente nunca será. Faço parte do time da segurança e qualidade de vida. Fazemos aportes porque temos sonhos a realizar (falei em família agora) e não queremos estar a mercê da instabilidade econômica.

Ter uma reserva nos permite ter opções e fazer escolhas que sabemos que não estão disponíveis para todo mundo, infelizmente.

Distribuição de Renda da População Brasileira

Aí nos deparamos com um outro problema, a desigualdade social. E você pode pensar que isso não é problema meu ou seu, mas se você pensa assim, você está errado. Não há ninguém melhor para falar de investimentos e desigualdade social que o Eduardo Moreira, mas vou tentar sintetizar rapidamente o que ele diz.

O Papel fundamental do Estado é a distribuição das riqueza construídas no País. Essas riquezas vão para o governo na forma de impostos sobre renda e sobre consumo. E são esses impostos que alimentam os fundos que pagam os juros dos investimentos de Tesouro.

O Rico (pode-se ler empresário) paga proporcionalmente muito menos impostos que o Pobre (pode-se ler assalariado) e ainda assim recebe rendimentos do governo em forma de juros.

O pobre paga proporcionalmente muito mais, mas não recebe do governo nem os serviços básicos como saúde, saneamento, educação, etc, porque o dinheiro arrecadado pelo Estado está retornando para o cofre do Rico como forma de pagamento de dívida. O pobre também não tem sobra para investir (uma vez que tudo que ganha é para subsistência) e muito frequentemente possuiu dívidas com os bancos (ricos), que cobram juros cada vez mais altos dos pobres, enquanto emprestam do governo a taxa Selic.

A queda da Selic pode diminuir um pouco esse diferença de distribuição das riquezas do país entre pobres e ricos, mas ainda assim, o efeito real é bem pequeno. Os Ricos (e poderosos) sempre arrumam formas de manter o Status das coisas, seja pressionando o governo, seja pressionando o mercado, ou ambos.

E onde eu e você nos encaixamos nisso? Nós, enquanto pessoas físicas ou micro-empresários, precisamos vencer a barreira que distingue o Pobre do Rico e temos que começar a pensar em maneiras lícitas (óbvio) de abandonar os empréstimos e financiamentos e começar a poupar dinheiro. Também é importante investir em conhecimento e em crescimento pessoal e profissional.

O objetivo é conseguir poupar cada vez mais para conseguir investir (no mercado financeiro, ou na própria empresa) e fazer o dinheiro render.

Por que não invisto em Fundos?

O investimento da MODA, agora que os juros estão cada vez mais baixos são os fundos de investimento. Eu não invisto em fundos! O motivo principal disso é porque gosto de ser “responsável” pelos meus ganhos e minhas perdas, mas também há uma considerável parte de protesto nisso. Não quero deixar os bancos (e os banqueiros) ainda mais ricos.

Se você não se importa em pagar taxas absurdas de administração e porcentagem dos ganhos, talvez, os fundos sejam um bom investimento para você. Para mim, que acredito que sou capaz de aprender e de gerir o meu patrimônio, investir sem intermediários é a melhor opção.

Afinal, qual foi o rendimento dos investimentos?

Crescimento de Patrimônio de acordo com investimentos

Calcular exatamente qual foi o rendimento foi um pouco complicado porque tive aportes e resgates ao longo do ano, mas segundo minha planilha do excel (é claro que eu fiz uma), meus rendimentos totais esse ano ficaram em torno de 35,3% em ações (acima do IBOV) e 7,78% no Tesouro Direto em um ano. Vale lembrar que esses rendimento não são propriamente ganhos reais. Só podem ser computados como ganhos no resgate, então esses valores estão sujeitos às oscilações normais de mercado.

Depois de uma ano investido, estou bem satisfeita com o resultado financeiro da empreitada. Além de ficar um pouquinho mais rica (não consigo falar isso sem me achar arrogante), pude aprender demais sobre o mundo complicado dos investimentos e, o mais importante de tudo, pude desenvolver uma percepção mais clara do poder do dinheiro e ter uma consciência econômica muito mais realista da minha situação financeira familiar em comparação com o restante do Brasil.

O mundo dos investimentos, principalmente o mercado de ações, é muito volátil e tive que aprender a lidar com algumas perdas ao longo de caminho e cheguei a amargar um prejuízo (pequeno) com uma ação. Felizmente, com a venda dessa ação eu comprei uma outra que teve um crescimento absurdo, responsável por puxar o meu “ganho” para a além do IBOV.

Mudanças de investimentos de olho no Futuro:

Acompanhar o mercado exige esforço e dedicação. Também exige que se crie uma estratégia de investimento de acordo com o seu perfil de investidor e com o momento do mercado. Em um ano eu fiz algumas mudanças na minha carteira de investimentos porque tive diferentes experiências e diferentes visões. Como invisto para médio e longo prazo, preciso sempre estar de olho no futuro, acompanhar as tendências de mercado e de preferência, me antecipar a elas. Meu marido brinca que quando todo mundo está falando de alguma coisa, ou é coisa ruim, ou você já tá atrasado.

Eu cheguei atrasada para aproveitar o momento bom do Tesouro, mas ainda assim consegui bons investimentos de acordo com as minhas preferências em pré-fixado e em IPCA. Também mantenho uma reserva considerável em SELIC caso queira usar em curto prazo.

Chamem-me de louca, mas refiz uma reserva em Poupança para emergências ou planos de curto prazo.

Também aumentei minha carteira de ações e fiz algumas vendas de ações de empresas que considerei que não estavam valendo a pena para mim. Estou atualmente com ações de 6 empresas diferentes, mas a meta é aumentar para pelo menos 10 para diversificar. Ainda não tenho capital suficiente para isso, mas estou progredindo.

O que aprendi depois de um ano investimentos:

Eu aprendi a ter paciência, aprendi que não estou no controle de tudo na vida, e aprendi a ler o mercado. Acho que já consigo ter boas (boas não, realistas) visões de futuro e hoje estou fazendo escolhas muito melhores que as que fazia um ano atrás quando o assunto era dinheiro.

Tenho mais consciência de onde estou, financeiramente falando, onde quero chegar, e como eu quero chegar. Me sinto mais confortável para tomar decisões e sinto que o papel que desenvolvo cuidando do dinheiro da minha família é muito importante para o futuro da minha família, para as nossas conquistas e para a nossa liberdade.


Espero que a minha experiência e esse relato te motive a pensar de uma forma diferente sobre o seu dinheiro e que te ajude a fazer melhores escolhas, por você, pela sua família e pelo seu futuro.

Por fim, se ficou alguma dúvida, ou se deseja dar alguma contribuição, deixe um comentário. Eu leio e respondo todos!

Um grande beijo!

Mira Melke

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1 Comment

  • Reply Investidora Iniciante: Primeiros 100 dias - Foco na Produtividade janeiro 8, 2020 at 1:31 pm

    […] Já se passou um ano! Saiba quanto ganhei nesse Ano de Investimentos! […]

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